17 de ago. de 2009

Bruno

Bruno - É um filme do debochado Sacha Cohen, aquele que fez o Borat, um reporter do Casaquistão que parte em viajem para entender a forma de viver dos americanos. A missão dele no cinema é incomodar e provocar a reflexões sobre preconceitos e racismos da maneira mais eficiente que existe: enchendo o saco dos outros, com muito humor, obviamente.
O sucesso é justamente ser um falso documentário, que mistura ficção com realidade, sempre conseguindo deixar dúvida no espectador sobre a veracidade, principalmente porque ele usa personagens reais.
O filme é cheio de frases de duplo sentido, imagens grotescas, linguagem chula, preconceitos, nú frontal, piadas de humor negro mas arranca gargalhadas pela maneira tosca com que são apresentadas.
Em Bruno, Sacha interpreta um gay austríaco que destituído de sua função de repórter de TV do mundo clubber-fashion, tem um chilique e resolve partir para os EUA em busca de fama. 'Quero ser a segunda personalidade mundial mais importante da Austria', em uma alusão a Hitler.
O enredo do filme mostra as loucuras que um gay faz para tentar virar celebridade. Começa passando pelas lojas de Melrose, em Los Angeles, pelo Fashion Week de Nova York, circulando pela noite de Miami Beach, invadindo um desfile de verdade em Milão e brigando com uma editora de moda. Fantáscia a cena em que ele usa uma roupa de velcro... Depois ele tenta entrevistar celebridades, sempre fazendo perguntas impactantes que deixam os entrevistados em situações hilárias. Entre uma e outra vai tirando uma casquinha de todo mundo (já que é gay), mostrando a importância elevada que algumas pessoas dão à moda, o preconceito, o racismo... O interessante é que ele usa personalidades reais e fica parecendo que elas não sabiam que era um filme. Paula Abdul é entrevistada é acaba tendo que falar de causas sociais sentada em uma cadeira humana (móveis mexicanos, segundo Bruno). Em outra, ele entrevista um candidado ao governo americano e acaba se insinuando sexualmente até deixá-lo completamente sem graça.
Como não obtem glamur, procura chamar a atenção promovendo a paz mundial entre palestinos e judeus. Hilário. Sem sucesso, resolve ser sequestrado, ridicularizando uma organização terrorista (que na vida real passou a ameaçá-lo). Em contato com um sequestrador (que na vida real é um pacifista) diz: "Quero ser famoso, quero que os melhores caras do ramo me sequestrem. A Al Qaeda é muito 2001. Bin Laden parece um papai noel sem teto".
Sem sucesso, e como dita a moda de qualquer celebridade, ele resolve também adotar uma criança, naquele país chamado África (e despacha a criança como uma bagagem no avião). Só que participando de um talk show Bruno acaba perdendo a guarda da criança após revelar que a obteve em troca de um iPod. Casando e sem sucesso descobre que as verdadeiras celebridas não são gays e resolver virar hétero. Pede orientação à igreja, conselhos com um pastor. Imagine a cena. Vai parar em um centro de treinamento de soldados americanos e choca o batalhão usando um cinto Doce Gabana. Resolve então fazer uma caçada, com machos americanos mas acaba se entregando na hora de acampar. Pra mostrar que é hétero convertido vai parar em uma casa de swing mas acaba tendo que fugir de uma sadô-dominadora.
No final, faz uma música-piada sobre a paz "Pomba da Paz" com participação especial do Slash (Gungs), Bono (U2), Sting (Police), Snoop Dogg, Chris Martin (Coldplay) e Elton John. Provavelmente eles não sabiam que estavam fazendo um deboche explícito do USA for Africa, com "We are the world".
O filme é feito para ofender e chocar. Não é fácil em nenhum lugar do mundo criticar as minorias (judeus, negros, gays, palestinos, cristãos...). Na tela de cinema, para aqueles que acham que filme só tem que educar, vai gerar um monte de críticas.

Classificação:
Lágrimas: 00
Bocejos: 00
Gargalhadas: 07
Cena marcante: A que ele apanha de uma dominadora-sadô
Saí: com vergonha de ter rido de certas piadas (confesso que olhei para garantir que não estava sozinho e que outros riam também).
Se não viu: Vá ver, esse não vai passar na tv.